Críticas


FILHO DA NOIVA, O

De: JUAN JOSÉ CAMPANELLA
Com: RICARDO DARÍN, HECTOR ALTERIO, NORMA ALEANDRO, NATALIA VERBEKE
21.11.2002
Por Marcelo Janot
O AMOR VENCE

Um argentino à beira do caos numa Argentina à beira do caos. É isso que o diretor Juan José Campanella oferece em O Filho da Noiva. Só que ele foi esperto o suficiente para “universalizar” a sua história, que poderia transcorrer em qualquer metrópole economicamente confusa. O que menos interessa no filme é o guarda de trânsito sendo subornado ou o velho restaurante familiar sendo comprado por um grande empresa de alimentação. Estes fatores servem apenas para justificar o drama pessoal e familiar de Rafael, o quarentão estressado que não tem tempo para dar atenção à namorada, à filha e à mãe (que sofre do Mal de Alzheimer). Um drama que recebe do roteiro um tratamento digno, humano, com pitadas de humor e fortes doses de emoção, buscando de cara a empatia com o público. Não é de se estranhar que O Filho da Noiva tenha figurado entre os cinco finalistas do último Oscar de Filme Estrangeiro.



Essa busca do diálogo com o público, no entanto, faz com que o filme por vezes escorregue no melodramático, em especial quando Norma Aleandro está em cena e a música sublinha de forma excessiva sua condição de vítima do Alzheimer. É muito bonita a perspectiva de ver um casal de idosos finalmente subindo ao altar, depois de quatro décadas vivendo juntos. Mas é muito previsível também tudo o que acontece em função dessa situação (à exceção da recusa da Igreja e da cerimônia de casamento nada convencional).



O melhor de O Filho da Noiva está nos conflitos internos de Rafael, um sujeito atropelado pelos dilemas éticos e afetivos da vida moderna. A relação conturbada com sua jovem namorada Naty é um dos pontos altos do filme, em parte creditada ao ótimo desempenho da bela novata Natalia Verbeke. Tudo que envolve o casal poderia ser interpretado como clichês banais, mas há uma verdade tão intensa naquela relação que cenas como a da reconciliação pelo interfone merecem figurar em antologias do cinema romântico – aliás, o diretor já havia mostrado habilidade nesse terreno com O Mesmo Amor, A Mesma Chuva, exibido há alguns anos em Gramado.



Em um filme onde a nostalgia dá o tom em meio ao caos social, o presente sobrevive guiado pelas rédeas do amor. Este otimismo de Campanella não deixa de ser contagiante.



# O FILHO DA NOIVA (EL HIJO DE LA NOVIA)

Argentina/Espanha, 2001

Direção: JUAN JOSÉ CAMPANELLA

Roteiro: JUAN JOSÉ CAMPANELLA e FERNANDO CASTETS

Produção: JUAN VERA

Fotografia: DANIEL SHULMAN

Montagem: CAMILO ANTOLINI

Música: ANGEL ILLARAMENDI

Elenco: RICARDO DARÍN, HECTOR ALTERIO, NORMA ALEANDRO, NATALIA VERBEKE, EDUARDO BLANCO

Duração: 124 min.

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário