Críticas


CHE 2 – A GUERRILHA

De: STEVEN SODERBERGH
Com: BENICIO DEL TORO, FRANKA POTENTE, JOAQUIM DE ALMEIDA.
21.10.2009
Por Luiz Fernando Gallego
A BUSCA DA REALIDADE TAL E QUAL

A segunda parte do filme de Steven Soderbergh sobre Che Guevara credita seu roteiro como baseado nos diários que ele escreveu na Bolívia. Deixando isto bem claro, o filme é uma série de episódios mais ou menos isolados, antecipados pela informação do dia da campanha terminal e mal-sucedida de Guevara: “dia 1”, mais adiante “dia 106”, bem mais adiante “dia 270”... até o amargo fim quando a câmera opta pelo ponto-de-vista do prisioneiro ao receber os tiros que o executaram. Na falta do registro do homem que morreu, a câmera tenta suprir o que seus olhos viram pela última vez.



O que se vê na tela poderia ser chamado de uma crônica de morte conhecida - e de um fracasso anunciado, tal as condições precárias com que Guevara teria embarcado em uma aventura que, pelo que é mostrado, foi mais do que quixotesca: em algum momento poderia ser “brancaleônica”, mas sem nenhuma graça.



Este segundo filme deixa ainda mais questionada a opção – ambição – de Soderbergh, já evidente no filme anterior: entre realizar uma obra de ficção que transmitisse de modo verossímil e verdadeiro a utopia de Guevara – e tentar uma recriação com mimese documental do dia-a-dia desta aventura , o diretor opta pela segunda proposta, fazendo de seu filme um réquiem sem grandeza, uma seqüência amarga e triste de desacertos e desencontros, uma cansativa encenação que parece tentar refazer a realidade do que teria acontecido “em um por um”. E ele insistiria nesta tecla em um de seus filmes seguintes (Confissões de uma Garota de Programa, cuja crítica de Leonardo Luiz Ferreira neste site chamou de “artifício de falso documentário” ao qual ele sobrepôs “desajeitadas camadas de ficção”).



Pelo menos o cineasta não usou a surrada fotografia granulada para imitar filmagens precárias de cine-jornais antigos. Nem abusa de muita câmera na mão que pudesse levar o espectador à cinetose e enjôo. Mas não livra o filme de ser uma melancólica tentativa ao pretender a encenação da realidade “tal e qual”. Com esta opção radical Soderbergh parece destituir o Cinema da capacidade de representar a realidade histórica, atendo-se a uma narrativa “jornalística” e de pretensão realista-naturalista. O fracasso da utopia de Guevara se transforma no fracasso da pretensão de Sorderbergh



# CHE 2 – A GUERRILHA (CHE: PART TWO)

EUA/Espanha/França, 2008

Direção e Fotografia: Steven Soderbergh (sob pseudônimo como fotógrafo)

Roteiro: Peter Buchman e Benjamin A. van der Veen

Edição: Pablo Zumárraga

Direção de Arte: Juan Pedro de Gaspar

Música: Alberto Iglesias

Elenco: Benicio del Toro, Franka Potente, Joaquim de Almeida, Jorge Perrugoría; Lou Diamond Phillips e Matt Damon em participações especiais.

Duração: 135 minutos

Site oficial:: http://www.cheofilme.com.br/



Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário