O bombardeio midiático que a cada 15 minutos nos empurra “a nova Madonna”, “o novo Sinatra”, etc, acaba ofuscando o surgimento espontâneo de verdadeiras estrelas. Mas ao final da sessão de Educação, o espectador não tem nenhuma dúvida do genuíno talento da jovem atriz inglesa Carey Mulligan, que concorre ao Oscar de Melhor Atriz. Qualquer comparação com Audrey Hepburn, acredite, não é exagero (e nem golpe de marketing, já que a moça está cotada para estrelar a refilmagem de Minha Bela Dama).
É muito fácil se destacar interpretando personagens problemáticos, deficientes físicos ou mentais, serial killers, etc. Difícil é fazer de uma menina comum, num filme cheio de lugares comuns, um tipo inesquecível e magnetizante. No caso de Carey, é ela quem leva o filme nas costas. O início de Educação até que é bastante promissor, descortinando, através de ótima direção de arte e diálogos saborosos, o universo daquela adolescente fã de Camus e sedenta pelo glamour cultural europeu do início dos anos 60. Até mesmo o sempre deprimido Peter Saarsgard aparece radiante no papel de galanteador.
O jogo parecia ganho. Mas, a partir da metade do filme, numa pisada de bola incrível do talentoso escritor Nick Hornby, a reviravolta prevista no terceiro ato dos manuais de roteiro já é tão previsível que a empolgação dá lugar ao tédio e à tristeza de ver Emma Thompson desperdiçada em um irrelevante papel secundário. Sua presença daria mais brilho ao surgimento da nova estrela, embora Carey Mulligan, sozinha, valha o ingresso.
EDUCAÇÃO (An Education)
Inglaterra, 2009
Direção: LONE SCHERFIG
Roteiro: NICK HORNBY
Fotografia: JOHN DE BORMAN
Edição: BARNEY PILING
Direção de arte BEN SMITH
Elenco: CAREY MULLIGAN, PETER SAARSGARD, ALFRED MOLINA, EMMA THOMPSON
Duração: 95 minutos