A trilogia Batman dirigida por Christopher Nolan com Christian Bale como o homem-morcego chega ao seu final de modo bem melancólico. E não é pela pretensão dramatúrgica de ser um “filme-de-ação-porém-sério/dramático”, pois a dramaturgia é capenga E o filme custa muito a engrenar ao esticar as duas horas iniciais com vários blá-blá-blá explicativos – o que é sempre sinônimo de má resolução cinematográfica. Com isso, até chegar ao (eficiente) clímax no terço final, o ritmo fica bem comprometido.
O velho Hitchccock sempre dizia que um vilão interessante é indispensável para um bom resultado em filme que precise de um antagonista para o herói. O vilão da vez, entretanto, é literalmente uma mala: chato, repetitivo em suas aparições, sem carisma - e, portanto, muito pouco interessante. Não há nada do nonsense de um Charada, Pinguim ou Duas Caras – e é melhor nem citar o Coringa, pois não há comparação possível com o personagem ou com os desempenhos na tela de Jack Nicholson e de Heath Ledger. (A culpa nem é de Tom Hardy, mas do personagem e o uso que é feito dele).
Funciona bem mal a mistura de pretensa seriedade da trama (com as evidentes alusões ao terrorismo que atingiu NY) ao lado dos lances meio surreais de um protagonista de máscara e capa, geralmente mais bem coadjuvado por vilões bizarros e tragicômicos, pertinentemente caricaturais. Tudo isso vem embalado por trilha musical excessiva e onipresente. Aliás, toda a trilha sonora satura os ouvidos pelo registro altissonante, recurso para captar e prender a atenção do espectador - que pode ficar mais atordoado do que atento.
A duração elefantisíaca das 2 horas e 45 minutos é desnecessária e a “virada surpreendente” do enredo surpreende mais por ser totalmente inconvincente. Restam os cuidados habituais de produção, cenas de destruição impactantes e raríssimos bons momentos com alguma leveza - a cargo de Anne Hathaway. Por outro lado, o filme ficará com a má fama de, pela primeira vez, trazer um desempenho insípido de Marion Cotillard, totalmente deslocada do princípio ao fim. O restante do elenco oscila entre o piloto automático de Morgan Freeman, burocrático, e de Gary Oldman, mais esforçado e com um pouco mais de oportunidade. Também Christian Bale se mostra esforçado, mas pouco satisfatório; já a dedicação de Joseph Gordon-Levitt é mais eficaz. E há o habitual charme de Michael Caine, ainda que em poucas aparições. Os fãs certamente continuarão admirando o filme sem restrições.