Se a velhice é inevitável (na melhor das hipóteses), relaxe e aproveite. É o que faz um
grupo de amigos - dois casais e um viúvo - que vive em uma pequena cidade, rodeada de bosques. Todos têm seu quinhão de frustrações, mazelas, a sensação de serem invisíveis para a sociedade ou mesmo para os filhos. Ao invés de viverem se queixando, por que não somar as forças que restam em uma mesma casa, como faziam os hippies nos bons anos 60?
É esta a premissa do segundo longa de Stéphane Robelin, Et si on vivait tous ensemble? (no original), que mantém muitos pontos em comum com Intocáveis, também em cartaz. Embora a convivência de um milionário tetraplégico e seu irascível servidor imigrante se apóie em fortes contrastes, o grupo em foco tem por base uma amizade de décadas calcada em semelhanças. Apesar desta diferença, as duas produções francesas apostam que ‘pegar leve’ pode ser o caminho mais curto para amenizar a dor – pelo menos nas telas. A fórmula não tem mistério e consiste em reduzir ao mínimo os episódios de sofrimento e valorizar ao máximo as situações prazerosas. A receita está pronta, sem contra-indicações, salvo a vida como ela é.
Jane Fonda (com um corpinho de quem foi sua melhor aluna), Geraldine Chaplin (cada vez mais parecida com o pai) e o veterano ator francês Claude Rich integram um elenco sincero e de longo percurso, contrabalançado pelo jovem Daniel Brüh (Adeus, Lenin) no papel um pouco forçado de um etnólogo. Mas tudo vale a pena quando a vida entra na reta final, sem esquecer um bom estoque de champanha para brindar por tudo e por nada – como faz o quinteto reverente às boas intenções.
Crítica publicada em O Globo de 12 de outubro de 2012