Críticas


MAGIC MIKE

De: STEVEN SODERBERGH
Com: CHANNING TATUM, MATTHEW McCONAUGHEY, ALEX PETTYFER, CODY HORN, OLIVIA MUNN
01.11.2012
Por Luiz Fernando Gallego
NEM CINCO TONS DE CINZA - NEM CINZENTINHO...

Texto re-escrito a partir do que foi publicado durante o Festival do Rio 2012



Quando assistimos este 25º filme de Steven Soderbergh durante o Festival do Rio 2012, perguntamo-nos: o que é que o ator - e co-produtor - deste filme, Channing Tatum, tinha na cabeça quando resolveu investir em um roteiro tão insosso sobre strippers masculinos (em danças de pretensão nem tão insossas)? Vontade de mostrar o corpinho sarado? Que tem agilidade e elasticidade como go-go boy em “clubes de mulheres”? Ganhar algum prêmio de dança brega?



Desconhecíamos que Tatum teve sua fase de “stripper” aos 19 anos de idade. O que explica, mas não justifica - pois as questões permanecem em aberto, especialmente no que diz respeito ao ambicioso e cada vez mais prolífico (*) Soderbergh: o que é que ele tinha na cabeça quando topou dirigir essa bobagem? Uma nova versão (agora masculina) de suas desastradas tentativas de retratar vidas algo à margem da moral oficial? Tal como fez com uma prostituta de luxo em Confissões de uma garota de programa (2009), realizado com uma profissional do ramo? Ele incorreu na mesma intenção-“verdade” ao utilizar uma real participante de lutas em A Toda Prova (2011).



Na época do Festival pensamos: por que o diretor não fez este filme com verdadeiros dançarinos para mulheres? Levantamos a hipótese de que, se assim fosse, Tatum ficaria de fora e o produtor Tatum queria exibir o ator Tatum... Mas, não: ele é mesmo o equivalente à garota de programa e à lutadora dos outros filmes do Soderbergh...



Distante de sua promissora (ainda que superestimada) estréia em sexo, mentiras e videotapes, acertos esparsos (o mais recente, em O Desinformante, 2009) em meio a projetos tão ambiciosos quanto frustrados (refilmagem de Solaris), vários resultados meia-bomba e outros tantos fracassos lastimáveis (há um filme com Cate Blanchett anterior a Contágio que parece não ter sido lançado nem nos EUA), Soderbergh ainda é um diretor cortejado por atores com nome que querem estar em seus filmes (tal como se dá com Woody Allen). Tem fama de “autor” por acumular câmera, fotografia e edição em suas realizações - com competência artesanal, é verdade, o que nem sempre é suficiente; e o que ele faz melhor mais frequentemente são os produtos comerciais e divertidos (até certo ponto) como a (também refilmagem) da série de onze, doze, treze...n “homens e um segredo”.



O ranço moralista que dá a reviravolta final deste Magic Mike enterra de vez o que parece ter sido feito como um filme para mulheres que não vão aos “clubes de mulheres”, mas gostariam. O “erotismo” – afinal das contas pudico - mesclado com romancinho chega a ser ridículo, mas deve atender aos tempos atuais em que mulheres adoram “Cinquenta tons de cinza”. E o que é pior: há projeto de um Magic Mike -2 !!!



(*) Sete longos para cinema entre 1999 (sexo, mentiras e videotape) e 1999; treze entre 2000 (ano de Erin Brockovich) e 2009; e já cinco (!) entre 2010 e 2012.

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