Críticas


JURASSIC WORLD: O MUNDO DOS DINOSSAUROS

De: COLIN TREVORROW
Com: CHRIS PRATT, BRYCE DALLAS HOWARD, TY SIMPKINS, NICK ROBINSON
11.06.2015
Por Luiz Fernando Gallego
Ao se situar em parque temático, o filme deixa claro como o cinema volta às origens circenses e de antigos parques de diversão.

A cada semana tivemos um lançamento de refilmagem de antigo sucesso contemplando diversos gêneros populares: terror (um “novo” Poltergeist), aventura (um “novo" Mad Max), filme-catástrofe (mais um Terremoto) e fantasia-Disney - que não é refilmagem mas que nada tem de muito novo para oferecer (Tomorrowland). Agora, o público em busca de tais emoções na sala escura pode encontrar tudo isso em um só filme, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros: fantasia, é claro, descabelada, com pitadas de sustos + tensão (terror + aventura) e mortes em sequência como em tradicionais filmes-catástrofe. Competência técnica, como é de se esperar nos efeitos especiais, e atores simpáticos com direito a um quase super-herói na pele de Chris Pratt e à gracinha que andava meio sem acertar, Bryce Dallas Howard; além de dois garotos feitos para a gente se identificar com eles nas horas de perigo e destemor. O vilão humano de Vincent D’Onofrio é por demais caricato, mas o que interessa são os vilões-dinossauros, agora podendo ser recriados geneticamente.

Tudo começou, é bom lembrar, há mais de quatro décadas com Westworld – onde ninguém tem alma, roteiro e direção de Michael Crichton (1942-2008). Exatos vinte anos depois ele reciclou o argumento para o primeiro Jurassic Park de Spielberg, sendo o esqueleto da trama idêntico: antes eram robôs em uma espécie de DisneyWorld para adultos se divertirem - até sexualmente – mas que saiam de controle; depois foi só fazer o mesmo com dinossauros redivivos.

O que o atual Jurassic World deixa claro é que a ciência ficou (num certo sentido, é verdade) em segundo plano, pois o que passou a valer foi a abertura de um parque temático onde as pessoas podem conviver com dinos bonzinhos e domesticados. Claro que sempre haverá cientistas sem muita ética misturando genomas daqui e dali e criando novos “dinos-criaturas-de-frankensteins” - que vão ser responsáveis pelas cenas de ação incessante - caso contrário não haveria filme. Nem bilheteria.

O que – acima de todos os demais filmes citados no parágrafo de abertura e talvez ainda em cartaz – Jurassic World também deixa claro é que uma forte onda leva o cinema cada vez mais de volta às suas origens circenses e de curiosidades de antigos parques de diversão, agora renovados (?): são duas horas de fantasia+aventura+suspense+terror+catástrofe sem que o espectador saia ferido - os fãs querem coisa melhor? Os que não são fãs, evitem, pois tudo não deixa de ser mais do mesmo e podem se irritar com a trilha musical quase onipresente e as piadinhas que se assumem como clichês como quando o casalzinho que se safa de todas se pergunta “e agora? O que vamos fazer?”. Mas a melhor piada é visual, logo na abertura quando a cena muda de uma pata de baby dinossauro saindo do ovo para uma pata de um de seus “descendentes”, milênios depois, um pássaro. Hitchcock tinha razão, aves podem ser assustadoras mesmo, mesmo que especialmente em suas origens distantes. Mas há que reconhecer um clima de "novidade antiga" que as duas sequências anteriores (1997 e 2001) do primeiro Jurassic Park não conseguiram. Nada como deixar passar um pouco de tempo para reciclar tudo de novo.

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