
Ken Loach é tão fiel ao seu ideário de humanismo socialista que tanto pode produzir com ele uma obra-prima como Terra e Liberdade quanto um quase-panfleto como esse Jimmy's Hall. Não há como não ficar do lado de Jimmy Gralton, seus bravos companheiros trabalhadores e os jovens idealistas que se reúnem para aprender, dançar e fazer política num salão da Irlanda profunda nos anos 1930. Mas a mensagem fica bastante esquemática quando do outro lado temos um padre anticomunista caricato, um ogro conservador que espanca a filha e uma polícia que só faz cumprir ordens reacionárias. A coisa toma ares de velha novela de TV, com forças políticas representadas em poucos personagens estereotipados.
Ainda assim, é preciso reconhecer que Loach dribla o material ralo com sua habitual perícia em combinar romance, humor e consciência social. Jimmy, eterno condenado ao exílio em Nova York, tem tempo suficiente para deixar sua marca no coração de uma conterrânea e na ética política de uma garotada gente boa.
O colorido rural, a música e as danças regionais energizam e dão calor a um filme desprovido de maiores novidades, mas nem por isso desinteressante.