Philippe de Chauveron concebeu “Qu’est-ce qu’ona fait au bon dieu?” (título no original) a partir de uma ideia única: o impacto sofrido pelo tradicional casal composto por Claude (Christian Clavier) e Marie Verneuil (Chantal Lauby) diante dos maridos escolhidos pelas filhas. Depois de se verem obrigados a conviver com um judeu, um muçulmano e um chinês, eles desejam que a quarta filha opte por um homem mais sintonizado com o perfil católico/convencional. São, porém, surpreendidos mais uma vez.
Já para o público, não há novidades. Tudo bate na tela de modo previsível. Como seria de se esperar, os frequentes atritos (não só entre sogros e genros, mas entre os próprios maridos) vão dando lugar à tolerância à medida que a festa de casamento da filha se aproxima. O diretor (e roteirista ao lado de Guy Laurent) procura divertir o espectador com situações (como a do padre que fica na internet enquanto um fiel se confessa e a do marido autoritário que, na verdade, é comandado pela mulher) e sátiras (aos psicanalistas) bem desgastadas. Eventuais referências (como a “O peru”, de Georges Feydeau, e uma possível associação entre o sobrenome da família e o dramaturgo Louis Verneuil) geram certa curiosidade. Não salvam, contudo, o filme, exibido no Festival Varilux de Cinema Francês.
Crítica publicada no jornal O Globo em 07/08/2015