Críticas


FESTIVAL DO RIO 2004: B-HAPPY

De: GONZALO JUSTINIANO
Com: LORENE PRIETO, EDUARDO BARRIL, RICARDO FERNÁNDEZ, FELIPE RIOS
30.09.2004
Por Daniel Schenker
HEROÍNA-PADRÃO

B-Happy é um filme que revela uma busca de conceituação formal que o diretor Gonzalo Justiniano não chega a preencher. Para contar a história de Kitty – que, como tantas adolescentes da vida real e do cinema, tem a ausência da figura paterna compensada, pelo menos em parte, por uma mãe batalhadora –, o cineasta optou pelo formato de cenas estanques, intercaladas por blackouts. Mas não há nada entre uma cena e outra, tendo em vista que o filme jamais se afasta do formato convencional da narração encadeada de uma história fechada.



A mesma distância entre objetivo provável e realização final aparece espelhada nas transformações vivenciadas por Kitty, a partir do momento em que sua trajetória começa a ficar marcada por uma sucessão de tragédias. De um questionamento válido, ainda que pouco original, em relação a um estabelecido ideal de felicidade, o filme passa a louvar Kitty como heroína-padrão, aquela que, aos 15 anos, consegue administrar com espantosa maturidade uma solidão quase absoluta. Até então testemunha do mundo apenas pelas frestas de portas e paredes, a garota consegue lidar com doses cavalares de sofrimento e fazer uso prático de sua autonomia recém-imposta para tomar decisões.



Mesmo que algumas passagens (como a da iniciação sexual) não sejam ruins se analisadas isoladamente, B-Happy não toma distância suficiente dos clichês (por exemplo: a atração à primeira vista por um rapaz desconhecido) Em movimento oscilatório semelhante, a trilha sonora varia entre a reiteração de climas emocionais e uma leveza contrastante com a série de percalços na vida da protagonista.





# B-HAPPY (B-Happy)

Chile/Espanha/Venezuela, 2003

Direção: GONZALO JUSTINIANO

Elenco: LORENE PRIETO, EDUARDO BARRIL, RICARDO FERNÁNDEZ, FELIPE RIOS

Duração: 90 min.



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