Críticas


LA VANITÉ

De: LIONEL BAIER
Com: CARMEN MAURA, PATRICK LAPP, IVAN GEORGIEV.
14.07.2016
Por Luiz Fernando Gallego
Ótimos desempenhos dos atores para uma situação insólita e tragicômica.

Um homem idoso, viúvo, doente e que quer morrer. A empregada de uma associação que promove suicídios assistidos. Um motel decadente e prestes a fechar. No quarto ao lado, um garoto de programa recebe seus clientes.

Poderia ser uma peça teatral com ênfase no insólito, mas o roteiro foi escrito originalmente para cinema. Ainda como se fosse numa encenação para o palco, os atores são fundamentais para o resultado final e não fazem feio: Carmen Maura tem um papel que cai muito bem em sua persona cinematográfica; um veterano ator suíço, Patrick Lapp, fica com a parte mais dramática pela qual já angariou merecidos prêmios, enquanto o novato Ivan Georgiev faz muito bem o prostituto, também premiado. Mais “tipos” do que personagens plenamente desenvolvidos, ganham uma dimensão maior graças às ótimas interpretações.

Também a situação de base é mais interessante do que o desenvolvimento e menos tragicômico do que se pretendia, havendo algumas interpolações de flashbacks imaginados pelos personagens que nem sempre se encaixam tão bem no enredo mas que não chegam a prejudicar o todo.

O contraste/aproximação do trabalho de um prostituto com o de uma mulher que vai praticar a eutanásia em quartos contíguos de um motel (sexo ao lado da morte) não vai muito longe. São os atores e as boas ideias cômicas esparsas que devem manter o interesse da plateia, apesar da superficialidade prevalente que quase escorrega no sentimentalismo perto do final. As qualidades, entretanto, se sobrepõem às questões levantadas, resultando em um filme amável que deve agradar a uma boa parcela do público.

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Outros comentários
    4347
  • Nelson Rodrigues de Souza
    15.07.2016 às 09:56

    Luiz, Qual a razão de se manter no Brasil o título original LA VANITÉ ? Qual o título mais adequado aqui, obedecendo o sentido do original? Abs, Nelson
    • 4348
    • Luiz Fernando Gallego
      16.07.2016 às 06:45

      Só perguntando aos distribuidores, Nelson. Suponho que tenham tido dificuldade de encontrar algo equivalente à ideia de de que a vaidade é transitória, tudo passa e acaba com a morte representada no quadro "Os Embaixadores", de Dürer, que é visto na reprodução do quarto de motel.