Por algum tempo inicial do filme chegamos a pensar que, por fim, Ricardo Darín estaria fazendo um papel menos simpático do que seus personagens habituais; mas o roteiro, sobrecarregado de clichês, trata de colocar o ator em um papel de quase super-herói. A premissa de tomar como base uma das práticas assassinas mais infames da sangrenta ditadura militar argentina é usada de modo superficial e bastante questionável para um desenvolvimento banalíssimo do roteiro que envolve paixão amorosa de risco e vilões caricatos - e que poderia ter partido de quaisquer outros antecedentes para um personagem em fuga do tipo “torturado pelo passado” em uma trama algo policialesca com cacoetes de filme “noir” trivial.
A única qualidade do enredo é o retrato de como, sob um governo ditatorial/totalitário, pode medrar a perda de privacidade e o poder policialesco em busca de denuncismo, resultando em abusos de poder cada vez maiores. Mas isso não é suficiente para redimir o filme.