Dos quatro longas realizados por Derek Cianfrance, conhecemos três, todos com tons bastante melancólicos: Blue Valentine (que aqui recebeu um título bem inadequado em relação ao enredo: Namorados para Sempre) era tristíssimo e pessimista; O Lugar onde tudo termina, o melhor dos três, excelente e pouco visto, com situações bem dramáticas; e o mais recente, este A Luz entre Oceanos, o mais melodramático. Aliás, intensamente melodramático.
A direção é elegante, o filme é muito bonito visualmente e interpretado por atores do calibre de Michael Fassbender, Alicia Vikander e ainda traz Rachel Weisz num papel mais curto: Fassbender tem como personagem um sujeito bem taciturno, mas sabe compor o tipo de forma totalmente interiorizada; e Alicia Vikander, numa personagem mais extrovertida tem mais oportunidades dramáticas, confirmando ser uma das mais brilhantes revelações dos últimos tempos. Sem esses desempenhos, o melodrama talvez derrapasse em diversas situações novelescas que evoluem para os temas da responsabilidade pelas escolhas feitas, pela culpa avassaladora e pelas consequências: dos atos assumidos e da culpa.
É o primeiro filme do cineasta baseado em roteiro não original, todos os demais foram escritos por ele mesmo; aqui, a história vem de um livro que chegou a ser comparado aos romances (também sempre tristíssimos) de Thomas Hardy, mas Cianfrance assina o roteiro adaptado. Tem chances de ser sucesso de público mesmo que não repita o alto nível de seu filme anterior - que passou meio batido.