Este é o primeiro filme dirigido pelo produtor de vários filmes de Ang Lee (como Brokeback Mountain) e mais recentemente de As Sufragistas. O roteiro, também do diretor, é baseado no romance homônimo de Philp Roth, um dos mais fortes dentre os últimos que Roth lançou, a despeito de ter poucas páginas. Se, por um lado, a preservação do que é essencial em um livro tão intenso é a melhor qualidade do filme, por outro, o respeito e submissão quase literal ao romance parece não ter deixado muito espaço para o diretor estreante ser mais criativo do ponto de vista cinematográfico propriamente dito.
Neste sentido, o clímax do filme fica sendo o longo diálogo entre o Diretor da Universidade com o personagem central que é aluno do estabelecimento; o mérito se deve à transcrição quase fiel do que Roth escreveu com extrema habilidade ao estabelecer um gradual “crescendo” no cerceamento do Diretor ao jovem, instigando suas respostas inteligentes (mas o diretor também é, e mais experiente) que, aos poucos, vão se tornando irritadiças e agressivas, ainda que reativamente.
A longa cena é defendida brilhantemente pelos desempenhos de Tracy Letts (ator na série Homeland, mas também autor teatral e roteirista) no papel do Deão - e de Logan Lerman (de As Vantagens de ser Invisível) como o universitário em crise com os pais judeus superprotetores, temeroso de ser convocado para a Guerra da Coreia (a ação transcorre em 1951), tenso com sua pouca experiência sexual sob a pressão dos 18, 19 anos hormonais, agora questionado por ser mais ateu do que religiosamente judeu, por não querer pertencer a nenhuma das “fraternidades” típicas das Universidades dos EUA e por ter trocado uma habitação com mais colegas por outra, a pior do campus, onde ficou sozinho.
Depois desta passagem, o que se segue marca um certo declínio de intensidade (em parte, natural depois de um momento tão forte), mas que chega a soar como anticlímax nos diálogos com a mãe que surgem menos interessantes - independentemente da correção da atriz; talvez pudessem ser mais breves. O fato é que o filme perde o ritmo. Fica a impressão que Schamus deveria ter novamnete produzido (junto com o ator Logan Lerman, dentre outros co-produtores) e a direção ter ficado a cargo de um cineasta mais experiente para que Indignação, o filme, pudesse ser mais do que uma ilustração do livro.