Para quem gosta de musicais antigos, La La Land: Cantando Estações pode ser uma opção interessante. Mesmo assim, é melhor não esperar tanto do filme que já recebeu sete Globos de Ouro, concorre a onze prêmios BAFTA (o ‘Oscar’ britânico) e deve ter um desempenho igualmente bom nos Oscars americanos. O enredo é bastante frágil, o que nem sempre chega a ser um problema em ótimos musicais clássicos, mas tamanha fragilidade nos dias de hoje talvez incomode boa parte do público que já teve acesso a musicais com temas bem menos cor-de-rosa.
Na verdade, a maior questão que se pode levantar sobre este filme é o preciosismo da direção de Damien Chazelle e o excesso de referências acumuladas. Planos-sequência virtuosísticos, retomada do “neon-realismo”, tributo a O Fundo do Coração de Francis Ford Coppola, trilha musical com mais influência de Michel Legrand do que de compositores americanos, tributo a Jacques Demy... Claro que essas últimas referências, tendo sido bem desenvolvidas, contam pontos a favor. Por exemplo, a música de Justin Hurwitz é ótima e a canção “City of Stars”, se levar o Oscar (o que é bem provável), será uma exceção: enfim, uma melodia realmente boa premiada com o careca dourado, coisa difícil de acontecer nos últimos muitos anos.
Por outro lado, temos, apenas como exemplo, em um único take, uma mistura de cenário desenhado do Arco do Triunfo (como em Sinfonia de Paris) e Emma Stone segurando balões coloridos (como Audrey Hepburn em Cinderela de Paris). Tais lembranças de clássicos de Stanley Donen, na época em grande forma, não ajudam muito na comparação com o filme atual.
O roteiro propicia algumas “barrigas” prejudicando o ritmo do filme que talvez ficasse bem desinteressante não fosse - um de seus maiores trunfos além da música, e ainda mais do que esta – a dupla Ryan Gosling e Emma Stone. Ambos estão excelentes individualmente, com ótima química como casal, e correspondem muito satisfatoriamente ao que lhes é solicitado: seja dançando, seja cantando e, naturalmente, representando. Sem o que eles acrescentam ao filme, o resultado poderia ser mesmo desastroso.
No final das contas, cabe reconhecer que há ótimos momentos isolados, mas a soma das partes não funciona tão bem, tal como uma receita seguida com ingredientes de primeira, mas com resultado final apenas mediano e nem tão entusiasmante como as premiações no hemisfério norte podem fazer supor.