Críticas


FILHOS DE BACH

De: ANSGAR AHLERS
Com: EDGAR SELGE, ALDRI ANUNCIAÇÃO, STEPAN NERCESSIAN, MARILIA GABRIELA
08.06.2017
Por Luiz Fernando Gallego
Bizarro: um estrangeiro que faz tudo de bom (o eterno colonizador que nos salva) e malandrinho brasileiro que recorre a expedientes ilegais para ajudar à "boa causa".

Amantes de música clássica, cuidado! O título não se refere a Carl Philipp, Johann Christoph ou Wilhelm Friedemann, músicos e filhos de Johann Sebastian, o grande Bach. Filhos de Bach é uma inacreditável coprodução entre o Brasil e a Alemanha que recria o pior de uma dramaturgia (?) que lembra clichês dos anos 1950 quando, especialmente na América Latina, havia pretensão de realizar um filme “sério”, distante das chanchadas ou dramalhões “comerciais”, e - o pior de tudo - “edificante”. Algumas chanchadas e vários melodramas podem ter sobrevivido muito melhor, entretanto. Os exemplares nada exemplares a que me refiro perderam-se na lata de lixo da história do mau cinema para onde este filme de 2015 certamente irá. Anteriormente foi exibido - inacreditavelmente - numa mostra denominada "Expectativa" do Festival do Rio daquele ano.

Não era crível que ainda pudesse haver quem assinasse um roteiro tão tosco e, ao mesmo tempo, obtivesse recursos para uma produção “clean”. O resultado é daqueles de criar constrangimento em quem assiste - porque quem assinou teve desfaçatez suficiente para exibir diálogos e situações muito bisonhas em pacotinho brega embrulhadinho para presente cafona.

O enredo mescla crianças de reformatório (há os bonzinhos e os revoltados) com diretor do estabelecimento que talvez ajude à "boa causa" somados a uma inspetora vilã que poderia estar em programas de TV estilo "zorra total". Ou nem isso.

A bizarrice inclui preconceitos sobre um personagem estrangeiro que faz tudo de bom (o eterno colonizador que nos salvará) e o malandrinho brasileiro estereotipado que recorre a expedientes ilegais para ajudar - sempre - à "boa causa".

Como falso brilhante da coroa de lata, Marilia Gabriela no papel de Ministra da Cultura, ou seja: o poder que também "faz o bem". Juro que não estou mentindo.

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Outros comentários
    4571
  • Roberto Musacchio
    08.06.2017 às 10:53

    Você descreveu um filme tão fascinantemente ruim, que fiquei muito curioso. Se bobear, acabo assistindo.
    • 4572
    • Luiz Fernando Gallego
      08.06.2017 às 22:58

      Hahahahaha. Mas não diga que eu não avisei!