Começou em 31/01/12, no CCBB-Rio, a mostra Péter Forgács: arquitetura da memória com curadoria da colaboradora do críticos.com.br Patrícia Rebello.
Segundo Patricia no texto de apresentação da mostra o cinema de Péter Forgács se inscreve precisamente na fresta aberta pelo encontro complexo de diferentes tempos e diferentes propriedades da imagem.
A própria trajetória do diretor, o deslocamento entre os campos da televisão, do cinema e da arte contemporânea, o diálogo com suportes alternativos testemunham a vitalidade de uma forma de expressão audiovisual que se torna cada vez mais recorrente entre nós: o uso (e a manipulação) de imagens de arquivo.
No Brasil, seus filmes são conhecidos pelas participações do artista no festival internacional de documentários É Tudo Verdade. Em 2006, Forgács esteve por aqui como participante da conferência internacional de documentários promovida pelo festival, e que naquele ano tinha como tema a subjetividade no documentário. Foi também o momento em que estudos e investigações sobre esse tipo de cinema ganharam um impulso que parece ainda estar longe de se esgotar.
Bill Nichols, teórico e pesquisador do documentário, responsável pela criação de uma eficiente metodologia de compreensão deste tipo de cinema (os “modos de representação”), observa que os filmes de Péter Forgács – construídos a partir da reorganização de material de arquivo – não têm como objetivo polemizar, explicar ou julgar. Ao contrário: eles procuram evocar um sentido para experiências passadas, de forma a retomá-las como um eco do seu futuro – as grandes tragédias que abalaram a primeira metade do século passado.
Paralelo à produção fílmica, o diretor também investe na criação de instalações em espaços de galerias e museus. Os processos reflexivos tanto do cinema quanto das artes plásticas são mecanismos visivelmente retroalimentáveis em seu trabalho.
O estilo narrativo de Péter Forgács é amplamente alimentado pela maneira como o diretor joga com as imagens nas diferentes manifestações artísticas. Artista multimídia e cineasta independente, durante as décadas de 1970 e 1980 ele esteve ligado a grupos e diretores de cinema underground em Budapeste, na Hungria, que se reuniam em torno do célebre Bela Balazs Studio.
Foi a partir de 1982 que ele começou a colecionar os found footages (fragmentos, tiras, pedaços, rolos de filmes amadores e caseiros, em sua maioria anônimos), que se tornariam a base de seu trabalho. Utilizava, para isso, uma metodologia peculiar: anúncios de jornal. Além do material de arquivo, quase uma marca registrada de sua obra (já que muito pouco é filmado pelo próprio Forgács), seu estilo se distingue por procedimentos típicos de processos reflexivos: narração em off, linguagem poética, cartelas, fusão de cenas, paradas na imagem, repetições, trilha sonora minimalista, cortes rápidos alternados à diminuição da velocidade das cenas, coloração dos pedaços de filme em tons sépia e azul, entre outros.
Ao lado de nomes como Agnès Varda, Harum Farocki, Jonas Mekas, Chantal Akerman, Alexander Kluge e Jean-Luc Godard, Forgács é um realizador que se concentra na exploração da natureza da imagem, na forma como é enunciada, percebida e, ainda mais importante, forjada.
O cineasta chega ao Brasil no dia 8/2 e participará de conversa com o público no Rio, São Paulo e Brasília, ao lado de Bill Nichols.
PROGRAMAÇÃO
terça-feira | 31/janeiro
• 17h
• Tractatus de Wittgeinstein (35 min)
A Família Bartos (61 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• Hunky Blues – O Sonho Americano
(100 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• quarta-feira | 1/fevereiro
• 17h
• El Perro Negro – Histórias da Guerra Civil Espanhola (84 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• A Sós com a Morte (118 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• quinta-feira | 2/fevereiro
• 16h
• Eu sou Von Höfler (parte 1) (80 min)
• Eu sou Von Höfler (parte 2) (80 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 18h30
• A Terra do Nada (62 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• Sessão seguida de debate com Andréa França e Eduardo Escorel, mediação de Patricia Rebello
• sexta-feira | 3/fevereiro
• 15h
• Miss Universo 1929 (70 min)
• Classificação indicativa: livre
• 17h
• Um Leitor de Bibó (69 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• O Êxodo do Danúbio (60 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• sábado | 4/fevereiro
• 16h
• Um Leitor de Bibó (69 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 18h
• Queda Livre (75 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• 20h
• O Turbilhão – Uma Crônica Familiar
(60 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• domingo | 5/fevereiro
• 16h
• Márai Herbal (35 min)
• Dusi & Jenő (45 min)
• Classificação indicativa: livre
• 18h
• O Filme de Angelo (60 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• 20h
• Enquanto isso em algum lugar...1940-1943 (52 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
terça-feira | 7/fevereiro
• 15h
• Eu sou Von Höfler (parte 1) (80 min)
• Eu sou Von Höfler (parte 2) (80 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• E/Ou (43 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• quarta-feira | 8/fevereiro
• 17h
• Hunky Blues – O Sonho Americano
(100 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• El Perro Negro – Histórias da Guerra
Civil Espanhola (84 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• quinta-feira | 9/fevereiro
• 15h
• O Êxodo do Danúbio (60 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 17h
• A Terra do Nada (62 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• A Sós com a Morte (118 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• sexta-feira | 10/fevereiro
• 15h
• Márai Herbal (35 min)
• Dusi e Jenö (45 min)
• Classificação indicativa: livre
• 17h
• E/Ou (43 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 19h
• O Filme de Angelo (60 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• sábado | 11/fevereiro
• 16h
• Queda Livre (75 min)
• Classificação indicativa: 12 anos
• 18h
• Debate com Péter Forgács e Bill Nichols, mediação de Patrícia Rebello
• 20h
• O Turbilhão – uma Crônica Familiar
(60 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• domingo | 12/fevereiro
• 16h
• Miss Universo 1929 (70 min)
• Classificação indicativa: livre
• 18h
• Tractatus de Wittgeinstein (35 min)
• A Família Bartos (61 min)
• Classificação indicativa: 10 anos
• 20h
• Enquanto isso em algum lugar...1940-1943 (52 min)
• Classificação indicativa: 10 anos