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FESTIVAL DO RIO 2012: GONZAGA – DE PAI PARA FILHO

29.09.2012
Por Carlos Alberto Mattos
UM "LULA" MENOR

Candidato mais forte até agora a repetir a façanha de Dois Filhos de Francisco na carreira de Breno Silveira, Gonzaga – De Pai para Filho tem mais entraves que facilidades no seu caminho. Para começar, é um filme sobre crise, depressão e queixas, em que a superação só ocorre mesmo nas cenas finais. Não há o humor e a leveza daquela outra história de cantores sertanejos em família. As participações de um João Miguel impagável e de um “Ary Barroso” divertido, assim como a improvisação de um anão e um lustrador de sapatos em músicos, são momentos rápidos e rapidamente esquecidos.



A história triste dos Gonzaga – um filho que se ressente do abandono do pai e da dúvida sobre a paternidade, um pai que descuida dos laços familiares para buscar o sucesso – é embalada em um sentimentalismo recorrente, uma sucessão de personagens estereotipados e algum glamour fabricado com jeitão de telenovela cara. A cena em que o cantor se apresenta na marquise de um cinema, tratada com o som potente de um concerto em music hall, é um exemplo de como a grandiloquência sabota a verossimilhança das situações.



O roteiro de Patrícia Andrade esforça-se por acomodar todos os dados biográficos importantes, mesmo que muitas cenas tenham a única função de passar informação, sem peso dramatúrgico relevante. A direção tampouco é das mais felizes, permitindo diálogos duros e deixando pouca margem para a imaginação do espectador.



Gonzaga tem valores de produção e um argumento de forte apelo. Em certa medida, assemelha-se à cinebiografia do ex-presidente Lula – e não é somente por tratar de outro “Lula”. O aspecto episódico e sentimental, porém, é resolvido com bem menos felicidade do que no filme de Fábio Barreto.

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