Especiais


FESTIVAL DO RIO 2012: COR DA PELE: MEL

29.09.2012
Por Dinara Guimarães
A FICÇÃO HÍBRIDA

O que torna interessante o enigma do nascimento, “de onde vêm os bebês?”, em Cor da pele: mel, de Jung e Laurent Boileau, são as interpretações que eles sugerem. A interpretação da própria história de adoção de Jung, natural, simples, de que ele foi encontrado nas ruas de Seul por um policial e encaminhado para adoção, durante o final da guerra da Coréia, entre as milhares de crianças coreanas adotadas e espalhadas pelo mundo; a interpretação complexa de que sua mãe belga adotiva lhe rejeitava, a avó materna racista lhe descriminava, o que acarreta seus estopins histéricos autodestrutivos e o suicídio frustrado; a revelação pela mãe, ao final do filme, do seu desejo último em adotá-lo, com uma interpretação da fantasia em que se apoia o desejo, de que todos nós somos filhos adotivos.



Mesmo que o filme não resolva esse enigma, traz inúmeras pistas e uma delas por meio da hibridez de linguagem, suturando documentário e animação com arquivos familiares em super-8 e os desenhos animados do Jung cartunista. Uma hibridez que aponta para a identidade também híbrida do Jung pela qual ele realiza a metamorfose de um ser para a morte em um ser que adquire vida, ou animação. Resultado: o filme migra da ficção particular para a universal - e é de uma comovente beleza plástica.

Voltar
Compartilhe
Deixe seu comentário