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NOVOS TEMPOS PARA O OSCAR E PARA A CRÍTICA

08.03.2010
Por Marcelo Janot
NOVOS TEMPOS PARA O OSCAR E PARA A CRÍTICA

Enfim chegou o dia em que o Oscar deu provas que ainda pode ser levado a sério como um prêmio que reconhece os melhores, e não apenas os mais bem-sucedidos comercialmente. Não que ele já não tenha feito isso antes - Onde Os Fracos Não Têm Vez, melhor filme há dois anos, é um exemplo recente. O que torna a vitória de Guerra ao Terror um espetacular feito histórico é o fato de o filme de Kathryn Bygelow ter derrotado o Titanic do momento, a maior bilheteria da história do cinema. Avatar, apesar dos graves problemas de roteiro que praticamente o transformam em um filme infantil e da falta de ousadia de James Cameron em explorar mais a fundo as possibilidades do 3-D, está longe de ser um desastre artístico – é encantador visualmente e até ganhou aplausos de pé de parte da crítica. Ou seja, nada levava a crer que ele pudesse perder o Oscar, ainda mais para um filme financiado com dinheiro europeu e carreira comercial discreta.



A vitória de Guerra ao Terror é também uma vitória da crítica – não estou me referindo à crítica deslumbrada e bajuladora espalhada pelo mundo afora. Foram associações de críticos de cinema americanas que começaram a chamar a atenção para as qualidades de Guerra ao Terror, elegendo-o como o Melhor Filme em suas votações de fim de ano. Foi a crítica séria que gerou essa onda que se espalhou até contaminar os eleitores do Oscar.



A crítica mostrou a sua força e pode voltar a merecer o respeito dos estúdios, dos profissionais de marketing (que esqueceram que um dia o cinema já foi tratado como arte), dos veículos de comunicação e principalmente do grande público – que, tomara, agora vai fazer filas nos cinemas ou nas locadoras para descobrir esse grande filme que é Guerra ao Terror. Um filme que no Brasil passaria despercebido, já que a distribuidora primeiro o confinou ao mercado de DVD e só o lançou timidamente nos cinemas por causa das indicações ao Oscar. Mesmo assim, pouca gente foi vê-lo. Agora não há mais desculpa para não ver Guerra ao Terror. Cabe a nós, críticos, entendermos que temos um importante papel na formação da platéia de cinema. Para que, no futuro, esse mesmo público não precise esperar o reconhecimento do Oscar para se sentir motivado a assistir ao melhor filme do ano.

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