Críticas


APOCALYPTO

De: MEL GIBSON
Com: RUDY YOUNGBLOOD, RAOUL TRUJILLO, GERARDO TARACENA
03.02.2007
Por Marcelo Janot
ESPETÁCULO SÁDICO

As primeiras cenas de Apocalypto mostram índios se divertindo após uma caçada, com um deles desafiado a comer testículos de anta. Em seguida, o mesmo índio, vítima de uma “pegadinha”, tem que refrescar as partes baixas na frente de toda a tribo, sob gargalhadas. O novo filme de Mel Gibson começa como um American Pie ambientado na região da América Central cinco séculos atrás. Mas logo depois se transforma numa espécie de continuação de A Paixão de Cristo, em que o contexto histórico é apenas pretexto para um espetáculo sádico regado a banhos de sangue e cenas de violência, despejados na tela com a sutileza de um tronco de árvore desabando.



A civilização Maia era altamente desenvolvida e deixou um legado histórico importante nos campos da ciência, da arquitetura e das artes. A Mel Gibson só interessou mostrar o lado bárbaro e selvagem dos instantes pré-colonização, como quem quer reforçar a tese de que teriam existido genocídios mais brutais que o Holocausto. Corações de humanos arrancados ainda batendo, montanhas de corpos decapitados, vísceras expostas, sangue esguichando das têmporas...tudo isso não é apenas mostrado, mas doentiamente valorizado pela direção, causando no espectador repulsa e nojo.



Gibson é um competente diretor de cenas de ação, como mostra a frenética perseguição dos guerreiros Maus ao índio Bom. Mas enquanto insistir em impor suas convicções religiosas e sexuais desta forma, não merece o menor respeito. Merece, isto sim, um tratamento psiquiátrico urgente. Isto se ele tiver cura, porque o problema pode ser outro, e mais grave. Gibson parece pertencer àquela turma com vocações fascistas e que, sem preparo intelectual para expor suas idéias, acredita que se resolva tudo na base da porrada.



# APOCALYPTO

EUA, 2007

Direçãoe Roteiro: MEL GIBSON

Produção: MEL GIBSON E BRUCE DAVEY

Fotografia: DEAN SEMLER

Edição: JOHN WRIGHT

Música: JAMES HORNER

Elenco: RUDY YOUNGBLOOD, RAOUL TRUJILLO, GERARDO TARACENA, MORRIS BIRD

Duração: 130 min.

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