Milhões da indústria do entretenimento são gastos na tentativa de se agradar aos mais jovens, tarefa cada vez mais difícil neste mundo multimídia e veloz. O bom é que, nesta tentativa, muitas vezes são os mais velhos que se divertem. Este é o caso de Stardust – O Mistério da Estrela , de Matthew Vaughn (produtor de Snatch e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes ). Apesar de unir elementos já conhecidos aos filmes de aventura e investir em dezenas de histórias diferentes ao mesmo tempo, o filme tem um time de atores veteranos vivendo personagens que agradam aos pais em cheio. De Niro está imperdível como um pirata meio esquizofrênico chamado Capitão Shakespeare; Rupert Everett marca no desempenho de um canastrão, mesmo ficando apenas uns sete minutos em cena e Michelle Pfeiffer demonstra coragem ao ter aceitado o papel de bruxa má que cai – literalmente – aos pedaços. O Rei é vivido por Peter O’ Toole e Claire Danes é a estrela do título. Baseado num livro do romancista e quadrinista Neil Gaiman, Stardust é bastante delirante, mas vale o ingresso.
No mundo de Gaiman, a Inglaterra – ou melhor, uma vila chamada de Stormhold – foi separada do mundo da fantasia por um muro. Tristan (Charlie Cox) é um dos poucos que se arrisca a atravessá-lo, para cumprir o pedido da mulher que ama, Victoria (Sienna Miller). Ela exige que ele lhe traga uma estrela cadente que caiu no mundo proibido. Nesta jornada, Tristan descobre que o objeto que brilha é vivo: trata-se de Yvaine (Claire Danes), que, ao deixar o céu, começa a ser perseguida por muita gente má. Três bruxas – uma referência às três Moiras da mitologia grega - capitaneadas por Lamia (Michelle Pfeiffer) querem comer seu coração vivo; sete príncipes que ambicionam se tornarem reis desejam lhe arrancar o colar de diamantes e por aí vai. Mesmo o bom Tristan a acorrenta. No entanto, no caminho de volta para Stormhold, os dois se envolvem em tantos duelos de magia e vêem tantas pessoas sendo transformadas em bode e ratos que tudo muda. O bacana é que os efeitos especiais não estão exagerados e quando não agüentamos mais tantas reviravoltas, entra em cena uma boa piada. Principalmente as protagonizadas pelos sete príncipes, que funcionam como um coro grego comentando os eventos. Gaiman é fã do bardo inglês e traz várias citações de sua obra, Hamlet especialmente. O que equivale dizer que o filme se refere à mitologia e tragédia gregas.
Ver que as Moiras – ao invés de traçarem o destino dos homens – consultam o oráculo no ventre dos animais com o único objetivo de ficarem jovens e lindas é de um deboche delicioso. Assim como o navio pirata e sua tripulação, que representam todo o ideal simbólico da aventura romântica até que se descubram os segredos do Capitão Shakespeare. Matthew Vaughn mantém o tom de ironia dos outros filmes que produziu em parceria com Guy Ritchie, e, por isto, demonstra grande fôlego para fazer outros filmes de adolescente.
Stardust – O Mistério da Estrela
EUA/ Inglaterra, 2007
Direção Matthew Vaughn
Roteiro Matthew Vaughn e Jane Goldman baseados na história de Neil Gaiman.
Produção Vaughn, di Bonaventura, Michael Dreyer e Neil Gaiman
Fotografia Ben Davis
Edição Jon Harris
Fotografia Ilan Eshkeri
Elenco Claire Danes, Michelle Pfeiffer, Robert De Niro, Charlie Cox, Sienna Miller, Ricky Gervais, Jason Flemyng, Rupert Everett,Peter O´Toole, Mark Strong, Kate Magowan.