Críticas


CONTO DE FADAS

De: ALEKSANDR SOKUROV
Com: ALEXANDER SAGABASHI, VAKHTANG KUCHAVA, FABIO MASTRANGELO
10.10.2023
Por Luiz Fernando Gallego
Nada acrescenta ao que se sabe - ou o que imaginamos - sobre personagens da II Guerra numa recriação estilosa

Mais uma vez, Aleksandr Sokurov aborda figuras perniciosas do Século XX como já fez em filmes isolados sobre Hitler (“Moloch”, 1999), Stalin (“Taurus”, 2001) e Hiroito (“O Sol”, 2005). Desta vez, Hiroito ficou de fora, mas aparecem outros personagens ligados à II Guerra como Mussolini e Churchill, todos num Purgatório eterno onde, surpreendentemente, um Jesus ainda espera que o Pai lhe abra as portas do Paraíso enquanto se queixa de dores permanentes.

Francamente inspirado pela “Divina Comédia”, com imagens que lembram as clássicas ilustrações em preto-e-branco de de Doré para a obra de Dante, a ideia interessante em si mesma, entretanto, não acrescenta nada ao que se sabe - ou o que imaginamos - sobre tais personagens reais em recriação ficcional de animação a partir de imagens fotográficas ou cinematográficas dos quatro líderes focalizados. Os diálogos entre eles são tão triviais que, não fosse de mau gosto, poderíamos supor uma banalização da “banalidade do mal”.

Apesar de transcorrer em menos de hora e vinte, tudo é tão repetitivo quanto prolixo, porém sem substância e chega a cansar. Infelizmente, longe de seu melhor resultado nos últimos tempos, que foi o mais ligado a uma pegada "realista”, “Aleksandra”, filme de 2007 que contou com a presença comovente da cantora lírica Galina Vishnevskaya (que foi casada com o cellista Rostropovich) mas apenas como atriz.


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