Críticas


PARAÍSO

De: TOM TYKWER
Com: CATE BLANCHETT, GIOVANNI RIBISI, REMO GIRONE, STEFANIA ROCCA
22.10.2002
Por Maria Silvia Camargo
BELAS AFINIDADES

Paraíso é a mais bem sucedida reunião de cineastas e produtores que o cinema já viu em muitos anos. Ao contrário de Inteligência Artificial e outros, em que o trabalho de muitos roteiristas e produtores se transforma num filme sem personalidade, quando produtores franceses, americanos e alemães (Anthony Paciente Inglês Minghella entre eles) deram este roteiro do falecido diretor Krysztof Kieslowski (e do colaborador Krysztof Piesiewicz ) para Tom Tykwer filmar, acertaram. O diretor alemão de Corra Lola, Corra entendeu as intenções do roteiro polonês, de contar uma história sucinta e simples, mas construída em vários níveis, transformando-a numa fábula de amor rasgado. E Tom Tykwer consegue isto dirigindo os atores como ninguém, elemento que fazia a diferença nos filmes de Kieslowski.



Philippa (Cate Blanchett) é professora de inglês em Turim. Ela não aguenta mais ver seus alunos consumirem drogas, as mesmas que mataram seu marido. Cansada de denunciar os traficantes para a polícia sem sucesso, ela decide fazer justiça com as próprias mãos. O plano dá errado, Philippa vai presa, e o único que a compreende e perdoa é o oficial de polícia Filippo (Giovanni Ribisi). Até aqui Paraíso é um thriller. Encurralados nos esplêndidos prédios antigos de Turim, a professora amarga a culpa pelo que fez – que ele, hipnotizado de amor, está disposto a aliviar. Mas quando eles fogem para os campos da Toscana, a luz muda, os dois se transformam, cortam o cabelo, ficam iguais. São Adão e Eva no Paraíso.



Mesmo sendo um filme de narrativa convencional, cheio de referências e homenagens, Paraíso envolve o espectador com seu ritmo calmo e os grandes desempenhos. Fala-se pouco, nada é muito explicado, e não é preciso. Os personagens são idealistas e marginais, como os que buscavam liberdade, igualdade e fraternidade na trilogia de Kieslowski. Ao seu final, o público está tão afeito `a nobre Philippa e ao seu herói como ficou torcendo pela frenética Lola e pela princesa e o guerreiro (de A Princesa e o Guerreiro , outro filme de Tykwer). Este é o filme mais espiritual de Tykwer , porque ele soube bem interpretar a profunda visão que Kieslowski tinha dos personagens e suas angústias.



# PARAISO (HEAVEN)

Alemanha/Itália/Inglaterra, 2001



Direção: TOM TYKWER

Roteiro: KRYSZTOF KIESLOWSKI E KRYSZTOF PIESIEWICZ

Produção: ANTHONY MINGHELLA, MARIA KOPF, WILLIAM HORBERG, STEFAN ARNDT, FREDERIQUE DUMAS

Fotografia: FRANK GRIEBE

Montagem: MATHILDE BONNEFOY

Música: ARVO PART, TOM TYKWER

Elenco: CATE BLANCHETT, GIOVANNI RIBISI, REMO GIRONE, STEFANIA ROCCA

Duração: 97min.

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