Críticas


ALAN PARKER E A VIDA DE DAVID GALE

02.10.2003
Por Marcelo Janot
ALAN PARKER E A VIDA DE DAVID GALE



DE:Marcos Pedini

PARA: João Marcelo F. de Mattos



Embora esse filme ainda não tenha estreado por aqui, permitam-me fazer algumas considerações sobre Allan Parker. Para um filme de ficção, não basta apenas ser bem intencionado. A prática da pena de morte é horrenda e primitiva em toda a sua crueldade, e aplicada tanto nos paises do Islã como nos Estados Unidos da America, os campeões da democracia. Mas, para que serve a pena de morte? Para saciar a sede de vingança ou corrigir a sociedade? Quanto ao Alan Parker, o crítico demonstra claramente desconhecer a sua obra, se entendesse alguma coisa, deveria pelo menos citar Missisipi em Chamas, um classico e um libelo pela luta contra o racismo e os direitos civis no sul dos Estados Unidos na decada de 60. E O Expresso da Meia-Noite, quando nos deparamos com os porões da ditadura turca. Gostar ou não gostar vai de cada um, eu ainda nem vi porque não estreou por aqui. Mas uma crítica tem que ser antes de mais nada embasada na trajetória do realizador. Junto com Ridley Scott, ele é o pouco que resta de vida inteligente em Hollywood.



João Marcelo F. de Mattos responde:



Caro leitor, vamos por partes:



1 - Não basta um filme ter intenções políticas que a muitos podem ser vistas como positivas, mas é preciso embasar essa idéia, e o problema principal de A Vida de David Gale é ser uma manipulação artística por demais torpe em nome de sua causa, anulando qualquer eficiência humana ou social na discussão do tema.

2- Conheço muito bem a obra de Alan Parker. Dos 14 filmes dele, só não vi um. Ao citar algumas de suas realizações em minha resenha, optei por citar filmes cultuados do diretor no sentido puro do termo "culto à um filme". Expresso da Meia-Noite, é um belo filme, e suscitou muita polêmica; já Mississipi em Chamas, a despeito de algumas qualidades, tem por demais erros e simplificações históricas, fartamente documentados.

3 - Quanto à predileção por Parker e Scott, cineastas que realizaram algumas obras de alto nível (ao lado de algumas bobagens indesculpáveis), devo dizer existem vários e vários diretores hollywoodianos cuja sensibilidade, integridade e inteligência da obra sobrepuja tudo que Parker e Scott já fizeram. Filmes como Até o Limite da Honra, no caso de Scott, e A Vida de David Gale, os momentos mais baixos das duas carreiras, são apenas namoro, espera-se, acidental, com o que há de mais desprezível no cinema não só hollywodiano, como de qualquer parte do mundo.



Saudações,

João Marcelo F. de Mattos



Leia a crítica de A Vida de David Gale

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