Críticas


MEIA HORA E AS MANCHETES QUE VIRAM MANCHETE

De: ANGELO DEFANTI
07.08.2015
Por Carlos Alberto Mattos
Ética e sensacionalismo da imprensa popular em debate neste documentário

Depois de O Mercado de Notícias, a imprensa volta ao escrutínio do cinema com Meia Hora e as Manchetes que Viram Manchete. A pauta é bem diferente da adotada por Jorge Furtado, já que se trata aqui de examinar as questões de um jornal popular de cunho sensacionalista. O Meia Hora, surgido em 2005, notabilizou-se por capas chamativas, manchetes jocosas e muito duplo sentido como chamariz de venda. "Nasceu preto, virou branco e vai virar cinza", a respeito da morte de Michael Jackson, ou "Fábio Assunção dá um tempo na carreira", sobre a pausa do ator para tratamento antidroga, são exemplos do tipo de criatividade de que seus editores se orgulham. Estamos, portanto, no campo da ética humana e da cidadania.

Mas não creio que este documentário seja menos político que o de Furtado. Afinal, seja falando de política na imprensa de classe média, seja falando de mau-gosto e gozo fascista na imprensa popular, tudo converge para a lógica do jornal-empresa, que visa o lucro acima de tudo, e do jornalismo-entretenimento, que não dissocia informação de diversão. Os responsáveis pelo Meia Hora se justificam dizendo que oferecem "o que o povo quer" e que "a maldade está nos olhos de quem lê". O filme de Angelo Defanti escala dois professores para criticar o modelo e se contenta em expor opiniões alternadas com manchetes ilustrativas.

Talvez não seja muito, mas serve para mostrar a cara, a voz e o jeito de alguns profissionais que estão por trás do jornal nosso de cada dia. Se eles parecem dignos da nossa confiança, essa é uma pergunta que devemos nos fazer a cada chamada, e não só do Meia Hora.

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