Críticas


INDIELISBOA 2023

11.05.2023
Por Barbara Bergamaschi
O estranho-familiar: o cinema brasileiro fora do Brasil

Entre 27 de abril e 07 de maio de 2023, os moradores de Lisboa puderam acompanhar a programação do IndieLisboa em diversos espaços da cidade: entre eles, o Cinema São Jorge, um dos cinemas de rua mais emblemáticos do país, localizado na Avenida da Liberdade, espécie de Champs-Élysées lisboeta. O festival se iniciou logo após a passagem simbólica de Chico Buarque e Lula por Portugal que marcou as festividades do 25 de Abril. A mesma Avenida da Liberdade que, na véspera, foi ocupada por manifestantes antifascistas a celebrar o fim da ditadura salazarista agora recebia um novo público: cinéfilos de todo mundo e, entre eles, muitos brasileiros.

Na seleção deste ano, que contou com mais de 250 filmes, foram exibidos nove títulos nacionais, com direito, inclusive, ao cult queer A rainha diaba, de Antonio Carlos da Fontoura, exibido em cópia restaurada na Cinemateca Portuguesa. O público brasileiro tomou conta das salas, se fazendo notar pela presença empolgada – não faltaram gritos, gargalhadas, assovios e palmas entusiasmadas para os filmes brasileiros nas sessões do festival. Escolhemos, portanto, abordar a programação do IndieLisboa pelo olhar de sete filmes brasileiros, marcados pela ponte atlântica, que se utilizam dos tropos do duplo e do espelhamento para criar contra-histórias que desorientam os lugares dos oprimidos e dos opressores.



REFLEXÕES SOBRE SI: o duplo olhar de dois brasileiros morando em Lisboa

O RIO E SEU LABIRINTO, de Ian Capillé

"É como se as pontas do passado e do futuro fossem lentamente se aproximando, um embolar do fio narrativo que mantém o espectador de sobreaviso em sua cadeira". Leia a crítica.

A VIDA SÃO DOIS DIAS, de Leonardo Mouramateus

"Com tintas à la Oswald de Andrade, Mouramateus constrói uma caricatura da elite artística e intelectual de Brasil e Portugal". Leia a crítica.



O RETORNO DO "OUTRO": documentários experimentais por mulheres brasileiras

É NOITE NA AMÉRICA, de Ana Vaz

"A materialidade do grão da imagem (uma outra personagem presente em todo o filme) nos faz lembrar de que a película fotoquímica, também ela, é composta por material orgânico e que, como os animais, está em vias de extinção". Leia a crítica.

FILME PARTICULAR, de Janaína Nagata

"O que parece apenas um registro frugal de uma família viajando a turismo na África passa a revelar o racismo e a história da África do Sul que subjazem àquelas imagens". Leia a crítica.

VERMELHO BRUTO, de Amanda Devulsky

"Uma escolha mais minuciosa do material permitiria o espectador deambular com mais gosto nos fluxos da memória, que por vezes se tornam arrastados sem justificativa estética". Leia a crítica.



CINEASTAS NEGROS QUE DÃO CORPO AO PASSADO: a luta política pode se dar pelo encanto?

SOLMATALUA, de Rodrigo Ribeiro-Andrade

"O canto mediúnico vem para os males espantar e exorciza o passado sombrio contido nas imagens coloniais". Leia a crítica.

MAPUTO NAKUZANDZA, de Ariadine Zampaulo

"É nas franjas do real, em meio à beleza do prosaico, que a luta política se faz". Leia a crítica.

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